É difícil dizer em que momento da carreira Ali deixou de ser um magnífico boxeador para se tornar uma lenda, transcendendo o esporte. Mas com certeza, sua luta contra George Foreman foi um dos episódios mais memoráveis de sua trajetória. Apontado como azarão, mais velho e considerado por muitos já acabado para o boxe, Ali mostrou toda sua genialidade ao se reinventar e impor ao Big George sua única derrota por nocaute.
O livro A Luta, nos mostra o ponto de vista de Norman Mailer, premiado escritor e jornalista, amante da Nobre Arte, sobre os bastidores dessa luta. Norman tinha muito mais proximidade com Ali e seu staff, e uma vez que o Greatest saiu vencedor dessa peleja, o livro pode ser encarado como a “versão dos vencedores”, ou ainda, como o “bem” venceu o “mal” se preferir. O combate se realizou no Zaire (atual República Democrática do Congo), fruto das negociações de Don King, que convenceu o Chefe de Estado da nação africana a patrocinar o combate.
Uma das partes mais interessantes do livro é a descrição de Mailer sobre as sessões de treinamento que eram abertas à imprensa. Com Ali e sua trupe, o habitual comportamento de sempre: Ali falastrão, fazendo seu talk trashing e se autopromovendo. Já Foreman sempre sisudo, com a cara amarrada e não muito disposto a falar com os repórteres, o que reforça ainda mais a ideia de uma luta maniqueísta.
A maneira como Mailer retrata os demais envolvidos na preparação da luta também é interessante, vale a pena citar, por exemplo, como Don King se comportava nos eventos sociais, as falas de Bundini, fiel escudeiro de Ali e também Archie Moore, ex-lutador que atuava como técnico de Foreman.
Um livro que todo fã de boxe deve ter em sua biblioteca.